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Mostrando postagens de 2010

Inércia - uma crônica

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Luh Oliveira 25/05/2010 Tenho pensado numa força estranha que por vezes se apodera da alma humana: a inércia. Aquela falta de vontade para tudo, sem ação, sem reação, sem tesão. Parece que nada a sua volta tem cor, é tudo preto e branco sem vida. O amanhecer vem pesado, o café-da-manhã não tem sabor, o aroma do café é água salobra. Sua casa se torna uma prisão; a rua, uma praça de guerra; o trabalho, um campo de concentração nazista. Qualquer pessoa é melhor que você, qualquer um pode fazer melhor aquilo que você faz, você é um nada com pernas que pesam o solo da angústia. A inércia é uma força poderosa que se instala sem pedir licença e toma conta com tamanha voracidade que mal percebemos. Quando você se olha no espelho, ela está lá, estampada em seu rosto, fazendo careta, fazendo com que você se sinta a pior pessoa do mundo, com os piores problemas, com o pior corpo, com a pior mente. Nada presta. E ela costuma se instalar por dias a fio, até mesmo por meses e anos. Às vezes ela dá u

Indagações

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29/03/2010 03:40h no quarto escuro apenas lembranças entram pelas grades das janela de vidro entram sorrateiras ora temerosas pelo clarão dos raios grito dos trovões chove incessantemente lá fora dentro de mim um dilúvio se inicia reflexões acerca de mim cercam meus sentidos vontade de nada ser um abismo de indagações se apodera dos frágeis pensamentos já não sei o que faz sentido julgo-me minúscula ser insignificante cujas qualidades inexistem o cansaço toma conta da alma faminto, insaciável, incauto nem os relâmpagos que clareiam o céu chuvoso são capazes de iluminar minhas interrogações e o cansaço toma conta do indissolúvel corpo e adormeço levando para o asilo dos sonhos tudo que um dia quis ter sido mas nunca fui

Silên cio

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28/03/10 23:30h só ouço o silêncio ele traz nos ventos o som da tua voz ecoa sussurrando em meu ouvido lembranças de ti infinitamente silêncio em mi m silenciam-se todos o versos calam-se todas as canções emudecem-se todas as vozes só ouço o silêncio ele traz com a aurora todo o azul de um dia que demora a chegar e tu permaneces a cochichar silêncios em meu ouvido arrepiando meus sentidos com a saudade que precisa se calar

Outono à tona

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23/03/10 Quando acreditamos que tudo está sob o controle dos tempos quentes eis que chega o outono e nos prova que as folhas caem para que possam renascer mais fortes em busca de primav eras

Jardim

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23/03/10 in sana lágrima insiste em cair em poças de calor rega flores lava a dor lavra a dor em cor semente multiflorida multidolorida ferida só flor

Insônia 4

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Luh Oliveira  05/01/2010 03:22h   fantasmas rondam  a sacada da casa  perambulam pela madrugada  na penumbra desenhada  pela lua cheia  que já some no negro céu   percorrem os cômodos  à procura de lembranças guardadas  em alguma gaveta velha  escondidas por debaixo de roupas inúteis   murmuram incógnitas  em meu ouvido  gritos agonizantes  que abrem os olhos  e espantam os sonhos  comuns  íris cor de mel se apavoram  diante da dança insolúvel  de almas inomináveis   pela janela entreaberta  entram os primeiros raios da manhã  que afugentam  todos os medos enraizados  no ventre encolhido   dentro de mim  apenas o desejo  de um dia normal

Último

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Luh Oliveira 31/12/2009 20:51h último quadrinho do calendário é riscado pelo tempo que rodopia no vento bailando em companhia da majestosa lua cheia sorri satisfeito pelo início de novos tempos traz marcas das lágrimas derramadas do grito contido das angústias engasgadas traz olhares brilhantes esperança esquecida som de risadas nas entrelinhas da face envelhecida mas chega em frente acolhe horizontes abre os braços aguarda o novo dia nascer devagarinho trazendo sementes de vida a quem deseja semeá-las

Re novação

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Luh Oliveira 16/10/2009 09:25h no meio do caminho tinha um abismo um breu que se abriu de repente sem aviso prévio caí sem rumo sem conseguir enxergar onde o fim começaria aos poucos chegavam doses de sossego e já era possível ver pequenos raios de sol por alguns instantes dava-me a impressão de ter asas e até cambalhoteava no vento então avistei o arco-íris as cores invadiam as lágrimas e pude ver claramente que não existe o fim

Agonia

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Luh Oliveira 13/11/2009 10h com a alma nua vestida apenas com alguns versos desvairados e sombrios atiro-me neste abismo de nuvens coloridas que suavemente me levarão a qualquer lugar onde eu possa gritar todo o sussurro contido e implorar que deus apenas me ouça e me deixe ser apenas eu agonizante em terra santa

Ego centro

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Luh Oliveira 13/11/2009 16:30h que me importam as dores do mundo se as minhas já não suporto mais eu, senhora do meu próprio umbigo só a mim interessa o que sinto só eu sinto que me importa o que me dizes se a minha verdade é intacta se trago comigo paixões e ilusões só a minha mentira basta-me em verdades o resto é asneira eu- centro do meu universo não queira adentrá-lo há cercas elétricas e certamente irei machucá-lo

Descaminhos

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Luh Oliveira 15/11/2009 21:20h encontro dificuldade de seguir por outra estrada todos os caminhos eram incógnitas havia um atalho que me guiou até teu pedestal eu, imperatriz de versos brancos vesti-me de cores para olhar-te sem pudor até permitir que entrasses pelas sinuosas vias do meu perfume e me embriagasse com um vendaval de antíteses metalinguagens que não fui capaz de decifrar atropelei alertas acelerei espinhos atalho findo: que caminho seguir?

In vasão

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Luh Oliveira 13/12/2009 - 7:30h sorrateiramente teu perfume adentra pela janela entreaberta invade os lençóis listrados com que cubro o corpo tatuado por ti passeias pela face adormecida desenhando com o vento o perfil tantas vezes já visto percorres a trilha enluarada que já sabes de cor como ir e vir levemente penetras no néctar do regaço e acolhes minhas pernas em tuas pernas entrelaçadas de desejo olhas-me mas não podes me ver neste instante viajo pra dentro de ti e me perco na vastidão das águas que te habitam.