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Mostrando postagens de junho, 2007

Poema-instante

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Profundo silêncio da madrugada um ruído-inquietação em meu peito Desligo o computador por vezes, único companheiro nas solitárias noites sem fim. Percorro os cômodos da casa Confiro se tudo está bem fechado ( Tempos em que bandidos ficam soltos e inocentes presos em suas celas) Paro diante do quarto das crianças Tudo tão quieto! As camas perfeitamente arrumadas Todos os bichinhos de pelúcia no lugar Os livros uniformemente organizados na prateleira Nenhuma sandália espalhada pelo chão... Por alguns instantes saio de mim mesma E viajo em um tempo transcendental Parada diante do quarto Vejo berço, móbiles, fraldas Escuto chorinhos dengosos Seios fartos de leite-vida Sinto o perfume lavanda-bebê.. As camas vão chegando Os sapatinhos aumentam de tamanho ( como aumentam rápido!) Chegam os uniformes escolares As mochilas do Piu-piu As paredes riscadas com garatujas Os livros ilustrados preenchendo toda a estante Chegam os diários O rosa das colchas e lençóis muda de tom No lugar das bonecas

Embriaguez

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Hipnotizada pelo reflexo da Lua dispo-me de mim e mergulho profundamente nesta taça de vinho tinto sobre a mesa Conduzo-me ao fundo onde posso abrir os olhos e ver-me claramente refletida no cristal do tempo. Embriago-me em mim só me basta eu totalmente desnuda imersa no sangue-tinto do seco vinho Afogo-me em meu delírio até a última gota de esperança Após a ressaca volto a ser apenas mais uma na multidão sem graça.

Vitoriosa

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Sou vitoriosa Quando abro os olhos a cada amanhecer Quando penso em Deus e O deixo florescer Quando levanto de cada queda Quando a esperança em mim hospeda Sou vitoriosa Quando sou capaz de fazer-te sorrir Quando sei que sabes que a mim podes vir Quando o sono chega e posso descansar Quando me deito livre pra sonhar Sou vitoriosa Quando descubro que tudo é um recomeço quando cada passo que dou eu amadureço Quando olho a lua e vejo beleza na vida Quando consigo sorrir mesmo que ferida Sou vitoriosa Quando posso olhar-te Bem no fundo Quando posso sentir-te Mesmo por um só segundo Quando sinto que em ti encontro abrigo Quando sei que a vida É sempre um grande perigo! Sou vitoriosa!

Não perguntes

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Não perguntes às pessoas quem eu sou! Sou algo perdido entre o mar e o infinito... Pergunta às estrelas! Talvez tua luz me encontre sobrevoando o horizonte carmim... Pergunta às conchas! Talvez tua secreta fenda me encontre caminhando entre falésias mirins... Pergunta às gaivotas! Talvez tuas doces asas me encontrem planando no vento marfim... Pergunta aos anjos! Talvez teus iluminados olhos me encontrem brincando na areia com algum querubim... Não perguntes às pessoas quem eu sou! Sou luz, poesia dor, jardim... Sou algo que não tem começo e nunca terá fim...

Dor

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Dor que lateja em lascas de sangue jorrando da face que o espelho reflete Navalha afiada transfigura o rosto que não reconheço Antigo álbum de fotografias detalhes que nunca existiram um sinal, uma ruga um olhar que já se foi Preso no reflexo côncavo e convexo não sou eu Mas a dor é minha...

Desesperança

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Atravesso a madrugada mergulhada em cicatrizes marcas deixadas em minha pele rasgos ocultos em minh’alma Fito a sombra que perambula no piso frio de um ser que morre Flashes da memória clareiam o breu da noite trazem de volta dores escondidas Véu jogado aos ventos vulcão de imagens amargas sensações Lágrimas revolvem no âmago deste espectro de vida O sol custa a nascer infinitamente noite Ao redor tudo silencia dentro de mim grito escapado A luz do dia adentra pela janela Talvez ainda haja vida por trás da dor...