Poema-instante
Profundo silêncio da madrugada um ruído-inquietação em meu peito Desligo o computador por vezes, único companheiro nas solitárias noites sem fim. Percorro os cômodos da casa Confiro se tudo está bem fechado ( Tempos em que bandidos ficam soltos e inocentes presos em suas celas) Paro diante do quarto das crianças Tudo tão quieto! As camas perfeitamente arrumadas Todos os bichinhos de pelúcia no lugar Os livros uniformemente organizados na prateleira Nenhuma sandália espalhada pelo chão... Por alguns instantes saio de mim mesma E viajo em um tempo transcendental Parada diante do quarto Vejo berço, móbiles, fraldas Escuto chorinhos dengosos Seios fartos de leite-vida Sinto o perfume lavanda-bebê.. As camas vão chegando Os sapatinhos aumentam de tamanho ( como aumentam rápido!) Chegam os uniformes escolares As mochilas do Piu-piu As paredes riscadas com garatujas Os livros ilustrados preenchendo toda a estante Chegam os diários O rosa das colchas e lençóis muda de tom No lugar das bonecas